sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Miss Sunshine: 3 estrelas


Pequena Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris, é uma explosão de luz na tela. A sensação estética é de que está sempre ensolarado, mesmo que os personagens estejam em locais fechados. A fotografia corresponde bem ao título da obra. Em contrapartida, os cinco personagens apresentam dramas pessoais que acinzentam a narrativa.

Comédia um tanto sarcástica, Pequena Miss Sunshine brinca com os dramas individuais ao reunir toda a família amalucada em torno do sonho da menina Olive. Mesmo com detalhes um tanto quanto forçados, como o daltonismo do filho (será que a mãe nunca iria notar o problema?), o enredo é bem construído e muito sutil ao apontar as fraquezas humanas e a superação em função da família.

Um pai que odeia perdedores, mas não consegue vencer em suas batalhas profissionais. Um tio gay intelectual que vê no suicídio a única saída. Um avô drogado e tarado que investe nos sonhos da netinha. Um irmão esquisito que fez voto de silêncio para ser piloto (não sei o que uma coisa tem a ver com a outra), mas o daltonismo o impediu. E uma garota gordinha e míope que sonha em ser miss.

Os momentos mais interessantes são as “empurradas” na Kombi velha durante a viagem à Califórnia. Planos sequência bem executados, divertidos e que demonstram um momento de união da família, superando as diferenças e os outros problemas. Quando esquecem Olive em uma parada no meio da viagem, a sequência torna-se engraçada. A Kombi não pode parar. Então, a família volta ao posto de gasolina, onde deixaram Olive e a menina é obrigada a correr para pular no carro em movimento. Não há um travelling da câmera. E isso dá o tom de que você assiste do ponto onde Olive estava.

Em muitos momentos fica essa sensação de que estamos no local da cena. Quando o casal discute o fracasso do projeto do marido, a câmera parada em um determinado local do quarto te coloca no ambiente deles. Os atores saem e entram no enquadramento e nós estamos ali, vendo um só ângulo da cena.

A produção do concurso de miss, motivação da viagem, também é marcante. Meninas-bonecas, quase mulheres em miniaturas. É o momento em que o coração do espectador se aperta com pena da pequena Olive. Ela seria ridicularizada. Dá pra prever desde o início. Mas o encerramento com a dança coreografada pelo avô, já morto a essa altura, surpreende e resgata o espírito infantil que não existe no evento.

As transformações pessoais são o desfecho da tragicomédia, valorizando a família e os valores morais, mostrando que não há perdedores ou vencedores. Algo como “a união faz a força”. Um roteiro comprado por US$ 250 mil e uma produção que custou US$ 8 milhões, trazem uma história simples, mas bem contada. Os exageros talvez sejam peculiaridades que marcam o filme. Mas, não podemos negar que Pequena Miss Sunshine conquista o público e purifica a alma.

Um comentário:

Anônimo disse...

Talvez, se todas as pessoas do mundo tivessem a oportunidade de assistir filmes como esses, as coisas ficariam melhores.. Ninguém é tão ignorante, a ponto de não perceber a mensagem que o filme traz.. União!! Respeito!! Igualdade!! Simplicidade!! Nada que possa deixar isso mais claro, do que a simplicidade 'gostosa de ver' da fofa persongaem de botinas vermelhas e shortinho rosa. Uma boneca. Uma gracinha de menina, que carrega a responsabilidade de ensinar a adultos, que o bom de ser criança, é que a verdade é sempre uma diversão.