Mais que evolução tecnológica, a TV digital modifica a relação com os telespectadores e promete inovação nas produções televisivas
Débora Lucas
Daniel Henrique
Gabriela Giorgini
Gabriela Giorgini
O eletroeletrônico mais consumido do Brasil entra em uma nova fase. Começou a funcionar na Grande São Paulo o sistema aberto de televisão digital. A previsão é de já no próximo ano transmitir e captar o sinal em Belo Horizonte , Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. O restante do país terá que aguardar até 2013.
A televisão chegou ao Brasil em 1950, trazida por Assis Chateaubriand. Mas o aparelho foi inventado em 1884, pelo alemão Paul Gottlieb Nipkow. O formato atual surgiu em 1932, montado pela Radio Corporation of America. Popularizada por aqui, hoje são cerca de 50 milhões de televisores no país. Por isso, a mudança do padrão de transmissão tem sido tão discutida. Na era da inclusão digital, além da internet. vamos incluir digitalmente os telespectadores brasileiros.
A transição do analógico para o digital deve levar cerca de dez anos, de acordo com o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital. Por isso, até 2016 haverá a transmissão pelos dois sinais. Para quem quer captar o sinal digital sem trocar de aparelho, basta acoplar ao televisor um conversor de sinais, já à venda.
As principais mudanças trazidas pela TV Digital estão na qualidade de áudio e vídeo. Porém, a maior preocupação de alguns especialistas é com a produção de conteúdo no novo formato. Cada emissora poderá ocupar até quatro canais de transmissão. A chamada “multiprogramação” será a possibilidade de uma emissora exibir diferentes programas ao mesmo tempo. Mas, com o aumento das programações, similar aos canais pagos, a qualidade pode ficar comprometida. Se há mais espaço, que seja de programas culturais e educativos, não apenas reality shows, tendência da atualidade.
Em entrevista para a Agência Notícias do Planalto, a pesquisadora da UFMG, Regina Mota, se disse preocupada com a implantação da TV digital. “Uma coisa é você colocar computador na casa das pessoas, outra coisa é a televisão que já existe na casa de todas as pessoas. Portanto, a possibilidade de usar a versão digital para universalizar o acesso de qualidade, a inclusão digital e com isso permitir que as pessoas acessem informações e possam demandar suas informações da maneira que quiserem, é uma coisa absolutamente inédita”, afirmou a especialista, que acompanhou de perto o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Televisão Digital.
No campo do jornalismo, a qualidade técnica oferecida pelo sistema digital pode trazer mudanças no modo de produção. Para a jornalista Isabelle Anchieta, a TV digital irá romper com o jornalismo por trás de uma mesa, no formato Jornal Nacional. “O próprio dinamismo vai forçar uma reformatação do modo de apresentação e de cobertura”, afirma.
Na área de entretenimento, está previsto, para meados de 2008, a interatividade para o espectador. O controle remoto se tornará uma forma de comunicação com os programas exibidos. Votar em enquetes, responder a testes e até comprar os produtos anunciados são algumas das possibilidades aguardadas. Tudo isso, graças a um software desenvolvido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - Rio) e pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), batizado de Ginga. Mas essa tecnologia ainda não está disponível nos conversores a venda. Os aparelhos e conversores habilitados para interatividade só chegam ao mercado no ano que vem.
Durante a cerimônia de inauguração da TV digital, no dia 02 de dezembro, o Ministro das Comunicações, Hélio Costa, anunciou que o preço do conversor, ou set-top box, vai cair nos próximos meses. Hoje, o aparelho custa entre R$500 e R$1000. O ministro prometeu atingir o valor máximo de R$250 e, para isso, conta com apoio do presidente Lula. O governo disponibilizou R$1 bilhão para um programa de incentivo, que visa reduzir o preço dos conversores. O presidente Lula afirmou que isto é necessário para não tornar a TV, aberta e acessível a todos, em um produto para a elite.
Para não esperar
Para os apressados, a Rede Bandeirantes e a Rede TV desenvolveram, em parceria, um sistema pelo qual é possível captar o sinal digital de qualquer lugar do país usando apenas uma antena parabólica junto ao conversor de sinais. O presidente da Rede TV, Amilcare Dallevo, afirmou que três empresas já demonstraram interesse em fabricar o conversor.
No Brasil, existem cerca de 20 milhões de antenas parabólicas instaladas, que atendem a um publico de aproximadamente 50 milhões de pessoas. Com o novo sistema, as pessoas terão acesso ao sinal digital antes do término da implantação do programa no país.
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