Belo Horizonte não é um pólo de atração de imigrantes japoneses. Mesmo assim, abriga uma grande variedade de estabelecimentos que divulgam e promovem as tradições japonesas. Para quem curte música eletrônica somada a sushi e saquê, ou entrou na moda das temakerias, não precisa correr até o outro lado do mundo. Quando se fala em cultura japonesa, é possível encontrar aqui de tudo um pouco.
Na rua Paraíba, no bairro da Savassi, está localizada a Mercearia Moderna Oriental Yo-yo. Ela comercializa desde arroz a acessórios de moda que remetem ao país do sol nascente. À noite, vira um sushi bar ao som de música eletrônica. As referências à cultura pop japonesa estão na iluminação, nas vitrines e na decoração da loja. O gerente da mercearia, Giovanni Paparelli, conta que o público é o mais diversificado possível. “De adolescentes a idosos, recebemos várias faixas etárias”, diz. A maior parte dos freqüentadores não é descendente de japoneses.
A Associação Cultural Oriente-Ocidente, que incentiva a prática do zen-budismo, é outro exemplo da busca dos jovens belo horizontinos pela vivência dos costumes orientais. O vice-presidente da associação, o monge budista Gustavo Mokusen, diz que a maior parte dos interessados na prática do budismo não está ligada às tradições japonesas por parte familiar. Ele mesmo não tem qualquer descendência japonesa.
A cultura nipônica também marca a leitura dos brasileiros. Os mangás fazem sucesso em várias faixas etárias e atraem pelos desenhos de traços característicos. Olhos enormes que transmitem intensamente as emoções, mulheres sensuais e criaturas fantásticas com nomes difíceis são presenças obrigatórias nos quadrinhos japoneses. “Tenho um amigo no Japão e outros no Brasil que curtem a arte japonesa, por isso me interessei pelos mangás há alguns anos”, conta a estudante Anne Karoline Borges Silva. A adolescente de 17 anos é um exemplo de que não é preciso laço genético para ser atraído pela cultura nipônica.
A origem dos mangás está no século VIII, mas eles sofreram modificações ao longo dos anos com influências, principalmente, norte-americanas. No Brasil, eles chegaram na década de 1980, mas a febre começou em 2000, com o lançamento dos títulos “Cavaleiros do Zodíaco” e “Dragon Ball Z”.
Na verdade, o interesse é tão grande que sempre há um jeito de adaptar as peculiaridades japonesas ao ocidente. Por isso, as temakerias estão ganhando espaço em Belo Horizonte. Envolvidas pelos ares da globalização, essas casas são a versão fast food da gastronomia nipônica. O nome vem de temaki: uma alga desidratada que enrola uma base de arroz em forma de cone com recheio de vegetais, peixe cru e frutos do mar. Com a nova moda, surgem versões diferentes a cada dia. Os integrantes mais conservadores da comunidade japonesa no Brasil não aprovam muito a idéia. Mas, já são duas casas do gênero em Belo Horizonte: a Quick Temaki e a TmaK. Inauguradas no fim do ano passado, as lojas estão em expansão, com o crescente número de apreciadores da iguaria.
Em 18 de junho de 1908, o navio Kasato Maru atracou no Porto dos Santos trazendo ao Brasil os primeiros imigrantes japoneses. Eram 781 pessoas que chegavam a um país de idioma, clima, tradições e costumes bastante diferentes. Começava a descoberta de um novo mundo, para ambas as partes.
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