Morar na divisa de duas cidades tem, entre outras, uma grande vantagem: ter duas opções de linhas de ônibus. Se a gente perde o horário para o ônibus de um lado, ainda dá tempo de garantir o ônibus da outra cidade. Foi num momento desse de correria em busca da pontualidade que me deparei com um personagem que, em troca de alguns trocados – com o perdão do trocadilho - , auxilia dezenas de usuários das linhas de ônibus de Santa Luzia.
Não faço idéia de que hora ele chega ao ponto de ônibus, porque sempre que chego, ele já está lá. Senhor aposentado, cansado pelo tempo, que vende vales-transporte (lá, eles ainda são de papel) no ponto. Mas para ele só isso não bastava. Em algum momento ele percebeu que poderia ser mais útil do que simplesmente oferecer vale-transporte para as pessoas: “Vai um vale aí, moça?”.
Ele se tornou, espontaneamente, um “Posso ajudar” do transporte coletivo do bairro São Benedito. Todos que chegam ao ponto com dúvida sobre que ônibus tomar, se acostumaram a perguntar a ele: “Moço, qual o ônibus vai para o Barro Preto?”, “E pra Cidade Industrial?”. Recentemente, o DER mudou a numeração dos ônibus das regiões metropolitanas. Isso deu um nó na cabeça dos usuários. Então, lá estava o senhor a postos para esclarecer tudo: “O 1205 agora é 4195, mas se você for só até o Barro Preto pode pegar o 4215 também, que te deixa na rua Guarani”. De repente, mais uma surpresa: “Deixa eu confirmar o horário pra você, só um minutinho.” Ele tirou um papel amassado do bolso, onde havia o horário de todas as linhas que passam por ali. E completou o serviço: “Você deu sorte, o 4195 passa em dez minutinhos”.
Enquanto não vinha o ônibus, observei que o senhor puxava conversa com um rapaz que estava sentado no banco de metal construído sob a marquise do ponto. “Tem três anos que esse banco tá aqui. Tinha um banco de cimento há muitos anos, mas o povo quebrou tudo”. No banco tem uma pintura que informa “Cortesia da Loja do Luiz”. O ponto de ônibus fica em frente à Loja do Luiz, uma loja de materiais elétricos. “Quando quebraram o banco de cimento, o Luiz ficou com dó de mim, em pé aqui o dia todo, e fez esse banco pra mim”.
Ele age como um funcionário público, mas sem remuneração. E, mesmo que em prol de seu sustento e do próprio bem estar, ele é um ajudante do povo. Pensei na complexidade da atuação dele para a sociedade, mas no fim das contas, me dei conta de que não precisava. Ele é simplesmente uma pessoa caracterizada por algo que falta na maioria das pessoas de hoje: boa vontade com os outros.
Não faço idéia de que hora ele chega ao ponto de ônibus, porque sempre que chego, ele já está lá. Senhor aposentado, cansado pelo tempo, que vende vales-transporte (lá, eles ainda são de papel) no ponto. Mas para ele só isso não bastava. Em algum momento ele percebeu que poderia ser mais útil do que simplesmente oferecer vale-transporte para as pessoas: “Vai um vale aí, moça?”.
Ele se tornou, espontaneamente, um “Posso ajudar” do transporte coletivo do bairro São Benedito. Todos que chegam ao ponto com dúvida sobre que ônibus tomar, se acostumaram a perguntar a ele: “Moço, qual o ônibus vai para o Barro Preto?”, “E pra Cidade Industrial?”. Recentemente, o DER mudou a numeração dos ônibus das regiões metropolitanas. Isso deu um nó na cabeça dos usuários. Então, lá estava o senhor a postos para esclarecer tudo: “O 1205 agora é 4195, mas se você for só até o Barro Preto pode pegar o 4215 também, que te deixa na rua Guarani”. De repente, mais uma surpresa: “Deixa eu confirmar o horário pra você, só um minutinho.” Ele tirou um papel amassado do bolso, onde havia o horário de todas as linhas que passam por ali. E completou o serviço: “Você deu sorte, o 4195 passa em dez minutinhos”.
Enquanto não vinha o ônibus, observei que o senhor puxava conversa com um rapaz que estava sentado no banco de metal construído sob a marquise do ponto. “Tem três anos que esse banco tá aqui. Tinha um banco de cimento há muitos anos, mas o povo quebrou tudo”. No banco tem uma pintura que informa “Cortesia da Loja do Luiz”. O ponto de ônibus fica em frente à Loja do Luiz, uma loja de materiais elétricos. “Quando quebraram o banco de cimento, o Luiz ficou com dó de mim, em pé aqui o dia todo, e fez esse banco pra mim”.
Ele age como um funcionário público, mas sem remuneração. E, mesmo que em prol de seu sustento e do próprio bem estar, ele é um ajudante do povo. Pensei na complexidade da atuação dele para a sociedade, mas no fim das contas, me dei conta de que não precisava. Ele é simplesmente uma pessoa caracterizada por algo que falta na maioria das pessoas de hoje: boa vontade com os outros.
6 comentários:
Realmente, falta boa vontade com as outras pessoas. Também falta respeito, dignidade e honestidade.
Num mundo em que os ricos não são "misturáveis",falta todo e qualquer sentimento bom. As pessoas não precisam de fortunas, mas do básico, do necessário.
Inaceitável. Nos dias atuais, com a tecnologia tão bem desenvolvida, com restaurantes que cobram absurdos, existirem cidades sem energia elétrica. Engraçado??? Não. Vergonhoso.
Ontem (23/06), assistindo ao CQC na Band, fiquei revoltada... Maluf lançou sua biografia (pessoas que já roubaram, agora tentam ser intelectuais)...
O repórter perguntou se o autógrafo era a assinatura verdadeira, ou se era falsa... A mesma assinatura que ele usou para abrir conta na Suíça...
A intenção era criar uma situação desagradável, mas o nosso querido, lindo e respeitável Maluf respondeu: "Não. Essa é minha mesmo"!
Nossa... Perdemos a noção do que é válido em termos de valores. Um tanto de gente enfileirada, para que um homem como esse autografe um livro que deve ser uma m...
Afinal, a história de vida de um homem que só fez m..., deve ser também.
www.tamaraemcriticas.blogspot.com
Realmente, falta boa vontade com as outras pessoas. Também falta respeito, dignidade e honestidade.
Num mundo em que os ricos não são "misturáveis",falta todo e qualquer sentimento bom. As pessoas não precisam de fortunas, mas do básico, do necessário.
Inaceitável. Nos dias atuais, com a tecnologia tão bem desenvolvida, com restaurantes que cobram absurdos, existirem cidades sem energia elétrica. Engraçado??? Não. Vergonhoso.
Ontem (23/06), assistindo ao CQC na Band, fiquei revoltada... Maluf lançou sua biografia (pessoas que já roubaram, agora tentam ser intelectuais)...
O repórter perguntou se o autógrafo era a assinatura verdadeira, ou se era falsa... A mesma assinatura que ele usou para abrir conta na Suíça...
A intenção era criar uma situação desagradável, mas o nosso querido, lindo e respeitável Maluf respondeu: "Não. Essa é minha mesmo"!
Nossa... Perdemos a noção do que é válido em termos de valores. Um tanto de gente enfileirada, para que um homem como esse autografe um livro que deve ser uma m...
Afinal, a história de vida de um homem que só fez m..., deve ser também.
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Que texto ótimo... Adorei o titulo parabéns
Que fofo isso! Nem acredito que ainda têm pessoas assim e tão perto da gente.
.
ATUALIZA FIA
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