Há pouco mais de uma semana, se me perguntassem sobre o cinema catarinense, com certeza, eu não saberia dizer nada. Engraçado como nunca parei para pensar sobre isso. Ficamos tão cercados pelo circuito Rio-São Paulo, que não pensamos no cinema brasileiro como algo extensivo aos outros estados. Pernambuco tem se revelado um grande produtor de filmes de qualidade. Minas também já está entrando forte para o circuito de cinema e, devemos levantar as mãos para os céus pelas mostras que o Cine Humberto Mauro promove constantemente. E geralmente é tudo gratuito ou a ingressos muuuuito baratos.
Mas, voltemos à Santa Catarina, mais especificamente à Florianópolis. Comecei a pensar sobre o cinema de lá, depois de me encantar com "Sistema de Animação", de Alan Langdon e Guilherme Ledoux. A narrativa sobre a vida louca do baterista Toucinho, construída com recursos pra lá de escassos e uma garra de fazer cinema incrível, arrancou assovios da platéia de Tiradentes. Na Mostra de Cinema 2009, o longa de Langdon e Ledoux esteve entre os mais cotados para o prêmio Aurora de melhor filme, que contempla apenas diretores estreantes.
A dupla, com estilo a la surf, já produziu vários curtas juntos e são amigos de infância, segundo Guilherme Ledoux. O carinho e a amizade que existe entre eles parece ter sido transposta para a tela no longa de estréia. A proximidade com o personagem documentado também é explícita. E isso faz toda a diferença. Eu argumentei bastante entre o júri que seria muito fácil esconder a amizade dos diretores e Toucinho, transformando o documentário em algo dramático e tristonho. Mas, um personagem que acredita em um "Sistema de Animação" que dá vida a tudo não poderia ser dramático. Ao contrário, o baterista Toucinho é tão performático que em certos momentos dirige os diretores. E nem os momentos de tristeza dele parecem ser. Só descobri que em certo momento do filme Toucinho estava triste, porque os diretores contaram.

Quem presenciou a sessão em Tiradentes ficou, certamente, muito animado frente ao potencial do cinema brasileiro,representado naquele momento por Florianópolis. Cinema com raça. Sem grana, mas com garra! O trabalho dos meninos merece ser conferido e divulgado. Por isso, acessem o cineclube promovido pelo Alan Langdon, Sopão de Filmes, e o site Casa do Alan, onde estão as indicações dos curtas, do longa e dos próximos projetos da dupla.
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